sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Beaune, capital do vinho




Perto do meio dia chegamos a Beaune, considerada a capital do vinho da Bourgogne,que é uma das regiões produtoras de vinho mais importantes do mundo - só comparável à outra francesa Bordeaux. Perto dali, no norte da Bourgogne, em Cotes de Nuits, é produzido o famoso Romanée Conti, o vinho mais caro do mundo. Quase todos os Grands Cru da Bourgogne são feitos nessa região. Na Cote Beaune, é onde estão os brancos Grand Cru da Bourgogne com uma variedade incrível.  Apenas oito tipos de uvas podem ser produzidas na Bourgogne. Entre elas, as mais conhecidas, mundialmente, são a Pinot Noir e Chardonay.
Nas proximidades da cidade, que tem apenas 23 mil habitantes, deparamos com os sucessivos vinhedos, completamente sem folhas nesta época. (Nem conseguimos registrar isso, pois nossa câmera acabou ficando sem bateria). A cidade transpira vinho, pelo número de lojas com tudo o que se relaciona a bebida, pelos anuncios de aulas, pela presença maciça de caves e adegas localizadas em vários pontos.

Ao chegarmos no hotel, o proprietário nos entregou um mapa da cidade e algumas dicas de visitas no pouco tempo que teríamos ali. Entre elas, o Museu do Vinho, o Hospício e Hotel Dieu (Deus) e a vinícola Patriarche. Estávamos ansiosos por visitar uma vínícola, o Museu, talvez. Mas...qual o interesse de se conhecer um Hospício na França, apenas de passagem por uma cidade? Bem, só fomos porque o Museu do Vinho estava fechado na segunda e a visita à vinícola só foi marcada para o dia seguinte. No entanto, este foi um programa surpreendente.








      










 As curiosas floreiras...
                                                                                                           ...e o jardim de repolhos de Beaune




Uma cidade vinícola...

                                                 ....e muito bucólica


Começo da história

O Hospício de Beaune, na verdade um hospital, trata-se de uma obra de caridade construida em 1443 por um casal de aristrocratas franceses,  Nicolas Rolin e Guidone de Salins, para atender pessoas carentes, numa área contígua ao Hotel Deus, de sua propriedade. O carinho com que essa obra foi implantada, com detalhes de arte e arquitetura além dos padrões da época, tornaram o complexo uma das preciosidades Bourgogne, completamente conservado. Além disso, tudo é apresentado de uma maneira muito diferenciada: como se o próprio casal estivesse explicando cada setor e seus detalhes aos visitantes, num audioguide entregue logo à entrada. Além do aspecto artístico, pode-se conhecer os primórdios da medicina, com todas as agruras que devia ser médico - e paciente - no século XVII...; a produção de remédios àquela época e todos os desafios para a implantação da obra.


O páteo do Hospicio, com seu telhado excentrico e colorido

Vista parcial da imensa fachada do Hotel Dieu

No Hospício de Beaune, também tomamos conhecimento do início da história da produção do vinho na cidade, já que a atividade vinícola foi uma das alternativas para a manutenção da obra, após a sua implantação. Uma ligação histórica que se mantém até hoje.  É para lá que, anualmente, a centenária Cristie's de Londres atrai enófilos do mundo inteiro no leilão dos melhores e mais raros vinhos produzidos na última safra, o famoso Vente des Vins des Hospices de Beaune. Esse leilão acontece há mais de 150 anos e ajuda a financiar os custos de manutenção do hospital. Apesar do propósito beneficiente, este leilão atrai compradores do mundo inteiro, pois alí se determinam os valores que esses vinhos terão no mercado.

Entre as coleções de objetos antigos expostas no Hospice de Beaune, estava o teste vin, em vários materiais (madeira, porcelana, prata), pequeno utensílio já usado à época para degustar os vinho e ainda hoje usado na Vinícola Patriarche, por ocasiáo das visitas como a que fizemos ali. 


  

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