quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Igrejas e fé na Europa

Passeando pelas ruas planas de Nice, no litoral sul da França hoje pela manhá, entramos, como é de costume, numa igreja do centro antigo. Simples, como a grande maioria das que visitamos por aqui, oferecia  cadeiras comuns de madeira, não tinha muitas imagens nem ornamentos. Na penumbra, ao som de cânticos gregorianos - também como praxe aqui na França -  várias pessoas faziam suas preces, muitas num momento de pausa durante o dia. Senti então vontade de escrever um pouco sobre minhas impressóes a respeito da religiosidade aqui na Europa.
 Sempre soube que tanto na França como em Portugal, países onde passamos a maior parte desta vez - além da Itália - a grande maioria é católica. Mas nesse período, visitando tantas igrejas, de todos os tipos, nos vários países, pude perceber um pouco mais sobre essa prática. 



 A Catedral de Bruxelas (a esquerda) que visitamos logo no início e a sóbrea Igreja de São Pedro, em Glacey, que Camila frequenta, com uma comunidade bastante ativa.

Em Paris, logo no início da nossa viagem, chamou minha atenção, particularmente, a presença dos jovens num fim de tarde de quinta feira na Catedral de Saint German. Escolhemos a igreja para esperar a Carolina sair da aula na Sciences Po por volta das 18 h, ali pertinho, e juntar-se a nós. Quando chegamos á igreja, ja estava ali um coral de jovens, cantores e instrumentistas, que nos chamou a atenção pela alegria e descontração das moças e rapazes - um deles sempre regendo o grupo, em revezamento. Aos poucos as pessoas foram chegando para a missa. E, para surpresa, a grande maioria era jovem - muitos - ao final do expediente de trabalho e escola...Seria uma missa de jovens???  De qualquer maneira, aquela imagem ofereceu uma dimensão nova à minha idéia sobre religiosidade na França. Algumas semanas depois, na Borgogne, tivemos aquela belíssima surpresa da peregrinação dos escoteiros em Vezelay, como já contei aqui, cuja imagem vale repetir.


Cerca de 2.500 mil jovens, escoteiros de diferentes partes da Europa, na peregrinação de novembro na Basílica  de Vezelay, na Borgogne.

Nas cidadezinhas da Provence, na maioria das vezes, as igrejas estão no centro dos lugarejos visitados e, principalmente no alto dos morros ou colinas (será a manifestação de que "Deus está acima de tudo"?). É muito gostoso ter acesso a elas - e dedicar alguns momentos de oração, na calma e tranquilidade que sempre proporcionam. Mas, muitas vezes estão fechadas e deixamos de conhecer o interior - ou, inúmeras outras vezes, a atmosfera de reflexão é táo intensa, que não ousamos perturbar a calma na penumbra com o ruido da câmera.(Curioso notar que, mesmo nas igrejas grandiosas e com muitas obras de arte, como algumas visitadas em Portugal desta vez, nunca há impedimento para se fotografar). 

Um desafio: quem consegue encontrar a Igreja na foto? Essa, infelizmente, não conseguimos visitar, em Castellane, próximo ao Gorges de Verdon, na Provence - sobre o qual ainda vou contar.

Em Aix-de-Provence, onde ficamos a maior parte do tempo, assim como em todas as cidadezinhas que visitamos na região, os relógios das igrejas sempre estão funcionando e anunciam o passar das horas todo o tempo - não nos deixando esquecer que, além de relógios, temos igrejas. E, em muitas delas, os próprios campanários anunciam o meio dia e a "hora da Ave Maria", ás 6 da tarde, em chamados para a reflexão. A bela Igreja de São Domingos, em estilo gótico, no centro antigo de Aix-en-Provence, celebrava também cerimônias fúnebres durante o dia. ( Permanecemos tanto tempo naquela região e, grande falha, deixei de fotografar essa bela igreja.)  



   Igreja típica de Aix en Provence(esquerda); o belo painel da Madona em Arles (acima) e a catedral de  Bouc-in-Bel-Air, construida sobre grande pedra, no centro da cidade.

 
En Lyon, a magnífica Catedral de Nossa Senhora na montanha mais alta, que pode ser avistada de qualquer ponto da cidade.

Após a subida, com o funicular, o encontro com a bela fachada ...



...e o interior, onde se vê a restauração da estrutura, feita por toda a comunidade.



Na bucólica Coudoux, na Provence, onde visitamos uma cooperativa de azeite,
a pequena Igreja aberta...


...para compartilhar a luz que emanava do altar mor naquela manhá.



Em Marselha, a Catedral tão magestosa, num ponto táo elevado, era uma imagem intrigante que nos acompanhava em qualquer parte da cidade...

...até conseguirmos nos aproximar e ficarmos deslumbrados com sua beleza interior...



...nas pinturas e nas composições em mármore bicolor.



Na mesma Marselha, a Igreja de La Mayor, ao lado do porto velho, em mámore verde e branco...


...acolhia quem chegasse, com bandeiras de diferentes procedências.

Sempre que chegávamos a uma dessas igrejas localizadas em montanhas táo elevadas,  uma idéia nos vinha à mente: com quanto sacrifício, de tantas pessoas, náo teriam sido construidas? Por que a escolha de locais táo difíceis, para uma obra tão grandiosa? Seria este o tamanho do amor, a dimensáo da fé? A verdade é que, em todas, das mais simples às mais belas, a demonstração de fé e a presença divina são sempre tão sensíveis, que essas visitas nos deixam muito renovados. 

(Ainda vamos mostrar as igrejas de Espanha e Portugal)

-----OOO000OOO-----    


Nenhum comentário: