Se o fado "é a essência da alma portuguesa", não se pode entender Lisboa sem ouvir e sentir um fado. É aí que se explicam pequenas sutilezas que tornam a cidade tão especial: a bela delicadeza dos azulejos azuis cobrindo tantas e tantas paredes, a harmonia da ferragem que persiste nos prédios muitas vezes já desgastados pelo tempo e o colorido cálido das pinturas nos edifícios - o que mais diferencia Lisboa de outras capitais européias com a arquitetura semelhante.
Aspectos de uma cidade cantada com um quase fervor pelos fadistas.
Mas não é só: a programação cultural é bem dinâmica, nos teatros e casas de espetáculos de variados gêneros. Escolhemos várias vezes as casas de fado, que dispensam reserva e nos faziam voltar no tempo e sentir Lisboa de uma maneira muito especial e calorosa.
A Lisboa de Belem, da Lapa, da Madragoa, dos "carris", da Mouraria e da Alfama, é a Lisboa dos poetas, dos amores chorados nos fados nostálgicos, a Lisboa romântica. É a terra dos grandes navegadores que descobriram o Brasil, além de outros "mundos para o mundo", como costumam dizer nesta capital portuguesa, que em meio a imensa crise mantem os braços abertos, principalmente para nós, brasileiros.
Do alto do Castelo de São Jorge (abaixo) esta vista mostra o contraste entre o centro antigo, na parte inferior e a Lisboa moderna, no parte superior. |
A crise que atinge Portugal mais do que muitos outros países europeus, provoca muita reclamação, sobretudo nas classes menos favorecidas. Os motoristas de taxi, mesmo sem esconder o imenso orgulho pelo país e por tudo que a eles pertence, são os mais indignados com a "situação atual". "Quando tínhamos dinheiro os políticos roubaram muito; agora deu no que deu"; "'não temos sequer petróleo e até a refinaria daqui, como tudo, foi privatizada"; "não produzimos nada, além de servíços"; "o turismo, nosso principal negócio hoje, não tem incentivo.Como pode, um país com uma costa marítima como a nossa?". E o mal estar supremo: "estamos mal: ganhamos como portugueses e compramos como europeus...".(Na verdade, não se vê indústrias nas cidades portuguesas). Apesar disso, não dá para entender como os redutos do comércio de alto nível em Lisboa estão sempre movimentados. Um português que se tornou nosso amigo, o Vítor dá sua versão: "aqui, em qualquer país, como no Brasil, a crise não é para todos"
Apesar das ladeiras que se encontra, inesperadamente, muitas vezes ao se virar uma simples esquina, Lisboa oferece condições razoáveis para o caminhar a pé - mesmo que em algumas avenidas a faixa "pedonal" (de pedestre) simplesmente não exista. As informações impressas também são precárias para quem não conhece a cidade. O melhor é sair já com um mapa e o trajeto traçado. Mas em caso de dúvidas, não haverá dificuldade de encontrar quem possa orientar. Quando não se está no centro da cidade, como era o nosso caso, o metrô é boa opção. Aí é preciso se comprar um cartão e carregá-lo sistematicamente com o valor correspondente ao número de viagens que se pretende fazer.(cada bilhete custa 1,75 euros). Em Lisboa, o bilhete vale para cada trajeto especifico e o cartáo deve ser validado na entrada e na saida das estações do Metro.Ah! Por falar em validar: o eléctrico (espécie de metro de superfície) funciona de modo similar e quando se entra tem se que validar o cartão - ou bilhete - antes de sentar. Quem não tem bilhete pode comprá-los com moedas., exclusivamente com moedas. Não comprar é risco de se pagar uma multa astronömica, caso o fiscal apareça. Um casal que o abordou antes de ser abordado, avisando que só tinham notas para comprar o bilhete, ele determinou que descessem do veículo e o "apanhassem" de novo, com moedas...
O ideal quando se chega a uma cidade, numa viagem como a nossa, é consultar o posto de informação que pode fornecer, além do mapa, sugestóes sobre pontos interessantes. Nesses locais onde ficamos menos tempo, sempre optamos, logo de início, por um city tour onde conhecemos de maneira superficial as atrações existentes, para facilitar nossa escolha. Em Lisboa, vale assinalar, o preço das viagens de taxi é muito barato. Algumas vezes, por comodidade, optamos pelos taxis em vez do metrô, e gastamos quase a mesma quantia - se não, dois ou três euros a mais. Chamou-nos a atenção e limpeza e a pontualidade do metrô: o horário estava sempre afixado, e apontavam na estação com 30 segundos de antecedência, tempo suficiente para as pessoas sairem e entrarem nos vagões e estes deixarem a estação na hora exata, sempre.
Criatividade na crise
Em Portugal, onde o espírito religioso e cristão é mais presente - veja-se a quantidade de igrejas católicas existentes em toda a cidade - o espírito natalino parece estar mais aflorado, tanto pela decoração das ruas, avenidas e prédios, como pelas cancões natalinas sempre ouvidas em todos os lugares.
E, num país em crise, a busca por uma grana é feita de maneiras bem mais criativa algumas vezes. Em vez de simplesmente pedir - em algumas regiões há muitos pedintes - instrumentistas (com violinos, acordeons) executam suas melodias, quase sempre interessantes, nas ruas centrais ou no metrô - tradição em várias cidades européias. E, nessa empreitada aqui em Lisboa é comum envolverem um cãozinho ( Pincher ou Chiuaua) na apresentação, encarregando-o da coleta das doações. (E só concorrem com as "estátuas" das mais criativas e originais, que por aqui muito divertem as pessoas)
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