segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Comer em Aix

Comer em Aix de Provence pode ser sempre uma experiência sensacional. Se a fome chega durante um passeio pelas deliciosas ruas do centro histórico,  não faltarão opções agradabilíssimas em qualquer café ou pequena brasserie, nos menores restaurantes ou nas feiras - ah! sim! - onde há sempre um setor dos melhores cheeses prontinhos para rechear baguettes das melhores estirpes, junto com deliciosos embutidos, em lanches de dar agua na boca. E, além de tudo, é possível que haja a chance imperdível de se preparar algo em casa. No apartamento que alugamos tinha uma cozinha na medida certa, onde pudemos preparar gostosas comidinhas com produtos típicos encontrados nas feiras ou supermercados.

Um dos nossos primeiros passeios em Aix foi visitar a casa onde nasceu Paul Cezanne, a Rue de l'Opera. Seguindo os passos pelas pegadas de bronze (como já contei no inicio) visitamos a antiga casa e toda a regiáo, carregada de reminiscências do mestre francês. Era bem mais de meio dia e a fome nos levou ao pequeno, bem pequeno mesmo, Le Terminus, ao final da Cours Mirabeau, muito próximo da Rue de L'Opera. De cara nos simpatizamos com a oferta do cardápio. O atendente, bem sério mas muito atencioso, nos recebeu e em menos de 15 minutos nos serviram esses pratos, táo bonitos quanto aromáticos e saborosos: boeuf grille - com cenouras e batatas ao vapor e mix de cogumelos.

Notem o criterio gourmet: o ramo de tomilho, os traços da redução de balsâmico.....


...do mini ciabatta ( que me fez lembrar o amigo Erney Feltrin, autor de ciabattas maravilhosos)








Na opção da quiche lorraine, a salada e as batatas gratinadas (en papilotte, embrulhadas) deram toque especial.

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Bem, mas vou contar da primeira noite na cidade, o dia em que chegamos vindos da Bourgogne, ávidos por um bom jantar, ja que viajáramos algumas horas após um almoço bem mediano on fast food numa unidade da rede Pomme de Pain, em Lion. (Onde, por sinal, escorreguei numa folha de alface no cháo, coisa rara por lá, e, não fosse o instinto máximo de sobrevivência, que me fez rodopiar numa dança louca no meio do salão,  teria terminado ali minha chance de caminhar pelas cidadezinhas provençais! Ufa! Nao gosto nem de lembrar!)

Bom, quando chegamos  apartamento que alugamos, na Place des Tanneurs, como disse, mal tivemos tempo de "saborear" a magnifica luz da Provence incidindo pelos telhadinhos provençais. Antes das seis da tarde escurece e ja saimos em busca do nosso primeiro jantar na Provence. "Reconhecendo terreno" andamos por um tempo enorme nas pequenas ruelas do centro histórico, virando esquinas e adentrando ruelas, explorando praças de todos os tamanhos. Mas àquela hora, perto das sete da noite, numa segunda-feira, ali na Provence também era difícil encontrar algum restaurante aberto.
A escultura de uma grande vaca malhada na esquina do Forun des Cadeaux nos chamou a atenção. Mas estavam apenas organizando a casa.
Ao lado, sim, havia uma luz, ainda que tênue, no fundo do salão."Ouvert ?", arriscamos. "Oui monseur, dame", ouvimos, na recorrente  saudação dos franceses aos casais que chegam.
Sentamos e esperamos um longo tempo pelo Tajine que decidimos experimentar
De inicio o prato nos pareceu muito rustico. Mas logo percebemos que valeu a pena. (Detalhe: àquela hora éramos os únicos clientes na casa). A carne de cordeiro estava  no ponto certo, o molho saborosíssimo, as batatas na textura perfeita, combinando magistralmente com o cuscuz marroquino - este, ao contrario do que se prepara, só hidratado e saborizado com especiarias. Simples.
 


Bom, a partir dai, a cada dia uma nova aventura nos envolvia. Se saíamos de Aix para outras cidadezinhas, sempre encontrávamos uma alternativa interessante.. menos ou mais elaborada.











domingo, 20 de janeiro de 2013

De volta!!!






A gente continua morando, na velha casa em que nasceu" -  Mario Quintana
Estamos de volta: a Sousas, à nossa casa, ao calor da família e dos amigos. 
Depois de 80 dias, 6 países, 22 estadias, mais de 4 mil fotos...deixemos os números. 
Voltamos, com o coração cheio de saudades, mas repleto de boas lembranças; mais maduros certamente, mas arejados pela amplitude que o sempre novo pode proporcionar; um pouco exaustos, mas ricos pelas experiências inesquecíveis. E, mais importante que tudo, com o espírito renovado, pela presença e o carinho de tantos amigos que nos surpreenderam com sua companhia nessa aventura, através do blog - muitos -  que gratificante isso! - resgatados após longos períodos sem contato.Foi muito bom mesmo!
Apesar de estarmos aqui, há muitas passagens que ainda devo contar no blog - mas que, por falta de possibilidades nas últimas semanas e mesmo nas anteriores, no início e no meio da viagem, deixamos de narrar.(Dificuldades, muitas vezes,  com o próprio blog, como esta que me permite só agora fazer essa postagem - e sem foto). Temos muito a contar ainda, até por justiça com os próprios fatos e com as pessoas que nos acompanharam! 
Bem...caminhemos, para fazer deste um ano especial; um ano que ainda pode ser "desenhado" da maneira como desejarmos.     
Obrigado e um abraço a todos!  





sábado, 22 de dezembro de 2012

Natal em Firenze

Além do Duomo, do Palácio Vecchio, da Galeria Ufizzi, da Ponto Vecchio e da Academia de David, Firenze tem uma energia diferente nesses dias que antecedem o Natal. Com a temperatura perto do grau zero, as ruas estáo sempre lotadas de gente, inclusive turistas, num vai vem gostoso de se ver e de acompanhar. Como ja conhecíamos parte das principais atrações da cidade, decidimos curtir Firenze, caminhando e  "degustando" o seu clima especial às vésperas do Natal.

A bela árvore em frente a Catedral e o Duomo, ícones de Firenze, de dia


E a noite, de outro angulo


Lanterninhas da decoração de rua

E a parede toda iluminada da loja na antiga praça


O charme dessa fachada com bolas e luzinhas, a exemplo de tantas outras. 


Aqui, uma loja de decoração muito fina, montou uma árvore somente de bichos de pano com estampas Romero Brito (havia uma seção imensa na loja em Firenze, assim como em outras cidades da Europa, somente com objetos de louça dessas estampas). Só pra se ter uma idéia do sucesso do brasileiro na Europa, em Firenze, essas "pelucias" eram vendidas por  preços entre 35 e 90 Euros 


A originalidade do enfeite das fachadas em galho e flores secas


Aqui, a singela e bonita árvore montada no páteo do Palacio Vecchio

Na entrada do Palácio, o contraste entre o verde e os tijolos da antiga da parede

Outra vista no páteo do Palacio Vecchio

Que tal uma árvore somente de biscoitos crocantes?

Um charme essas arvorezinhas coladas às paredes que ficam iluminadas a noite.

Nos presépios....

...à espera do nascimento de Jesus, na praça em frente o Duomo...

...e na Basílica da Santa Croce
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 . 

Firenze: em estado de graça.

Firenze é de lavar a alma. O perfil dos seus prédios no horizonte, com suas torres longas ou arredondadas, têm um quê de melancolia - e misericórdia - que nos transporta a um universo único.

Chegamos desta vez a Firenze - reta final de nossa viagem antes de Alemanha, onde passaremos o Natal - sem as grandes pretensões de outras vezes quando estivemos ali, ansiosos por percorrer as belas cidades da regiáo, a Toscana. Desta vez não. Queríamos ficar só em Firenze, num ritmo mais lento e tranquilo. Mas tínhamos pelo menos uma meta clara: visitar a Academia, e conhecer a escultura original de David, a obra prima de Michelângelo. Instalados, assim que nos sentimos descansados, fomos à Academia e nos encantamos com a escultura de Michelângelo, de uma beleza plástica e sensorial indescritíveis. O ar de "inocência inteligente" no semblante de David após ter matado Golias, sem qualquer traço de vaidade, impressiona quem se aproxima da escultura há séculos - seja estudiosos ou pessoas comuns como nós.  E, o mais interessante, é saber que David foi esculpido num bloco dado a Michelângelo por acaso, "para ser feito alguma coisa", após ter ficado sem aproveitamento por mais de ano perto da Catedral de Firenze. 


Além de David, pudemos visitar, na Academia - o que foi uma surpresa para mim - salas e salas com exemplares belíssimos da arte bizantina, que tenho uma admiração especial. Giotto, seus seguidores e contemporâneos, interpretavam de maneira belíssima, nos séculos XII e XIII , várias passagens do Evangelho. A Anunciação do Anjo à Virgem e a Madonna com Jesus ao colo, parecem ser os temas prediletos desses mestres, nas pinturas com seu dourado característico, com molduras em formato de igreja. Belas, atraem o olhar admirado que se prende em cada uma delas, em tantas, de diversos tamanhos -  com tanto encantamento, que a visita se torna um quase ritual religioso, de admiração e respeito.
Num outro momento em Firenze, visitamos, a Basilica de Santa Croce, onde ainda não tínhamos ido e que nos pareceu uma das mais belas da cidade, monumental, toda em mármore branco e verde, semelhante à Catedral e o Duomo, na arquitetura típica floretina.  É uma das mais antigas da ordem Franciscana na Itália. E ali se guarda, como relíquia, uma parte de túnica usada por São Francisco de Assis - que emociona ao se olhar.

A Basílica franciscana de Santa Croce, em cujos anexos funcionam
 escola de música e de escola de gravação em couro. 
Pintura bizantina que compõe o altar da Basílica da Santa Croce (cujo altar passa por restauração),  juntamente com um crucifixo de Giotto

 Nas laterais da nave principal da "Santa Croce" há várias telas e esculturas de mestres da arte clássica. Mas o que mais nos impressionou ali foi o túmulo de Michelângelo numa das laterais, ocupando toda a altura da parede. Executado por vários artistas florentinos, a obra inclui um busto em mármore de Michelângelo - que faleceu aos 89 anos em 1864 - e três belíssimas esculturas em mármore branco representando as três artes:  a Arquitetura, a Escultura e a Pintura, em estado de lamentação pela perda do seu grande mestre, um dos maiores gênios das artes de todos os tempos, Michelângelo Buonarotti.


Vários artistas foram reunidos para criar as diferentes partes do túmulo de Michelângelo.


Gostamos muito de visitar a Basílica de Santa Croce - onde está também sepultado Galileu Galilei - finalizada num belíssimo páteo que transpira paz em cada ângulo, com o delicioso perfume vindo dos cipestres no jardim, onde os pássaros faziam uma sonora algazarra.


Nos dias de sol e céu azul - na verdade só choveu na segunda-feira no período em que ficamos em Firenze, de sábado a quarta-feira - bom mesmo é percorrer suas "vias", pelos imensos blocos de pedras ali plantados há mais quase dois mil anos - a cidade foi fundada em 59 A.C.-  e chegou ao apogeu nos séculos XII e XIII.


Vias e ruelas* ladeando paredes onde nunca falta um detalhe artístico ou apenas harmonioso, seja na fachada, nas janelas, nas luminárias, nas ferragens...sempre muito trabalhadas, como numa busca incansável do belo.


A exemplo de outras vezes, optamos por ficar próximos da Igreja de Santa Maria Novela e da Estação ferroviária com o mesmo nome.( Dali podemos nos locomover de trem para outras cidadezinhas da Toscana - embora isso náo estivesse no programa agora). Entáo caminhamos por Firenze. Passamos pela praça de Santa Maria Novela e vamos em direção da Via Del Moro - onde ficamos no ano passado.

Dali logo ganhamos a ponte sobre o rio Arno. Atravessamos a ponte e, ladeando a outra margem, caminhamos até a Ponte Vecchio, que nos leva ao páteo da Galeria Ufizzi e Pálácio Vecchio - onde está a réplica de David desde que o original foi levado  à Academia no século passado.




Emblemática, a Ponte Vecchio sempre convida para uma foto

O Palacio Vecchio...


    ...com detalhes da fachada, incluindo a réplica de David.

 E vamos admirando a arquitetura. Paredes que acompanham o ritmo daquelas vias há séculos e séculos - do movimento e galope dos cavalos aos motores dos veículos modernos que compõe o dia a dia na cidade do primeiro mundo. Uma harmonia que o intenso comércio não conseguiu interferir.



Na elegante Firenze, há lojas de todos os gêneros de diversas partes do mundo, expondo o que há de mais novo no universo da moda e em outros setores. Mas no patrimönio histórico tombado pela Unesco, as lojas mais famosas têm que se adequar,
 sem publicidade nas fachadas.

Seguimos pelas ruelas com decoração de Natal e alcançamos o Duomo e a Catedral, onde sempre paramos para admirar a beleza da composição em mármore branco e verde. Dali descemos, pela Via Del Cazaioli até a Via Del Pansani, sentindo ora o perfume que vem de dentro das lojas, ora o aroma das castanhas assadas, ora o cheiro de café que vem de alguma pasticeria por perto. Aromas que, no frio a arder na pele do rosto, alimenta os sentidos e aquece a alma. Firenze é isso. Firenze da religiosidade e das artes, que ilumina nosso espírito e liberta nossa alma. Deixamos Firenze em estado de graça. 


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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Neve no caminho


Deixando Vintemiglia em direção a Milão, onde pegaríamos outro trem até Firenze, passamos por Gênova, na Riviera Italiana e, do trem, nos espantamos com a neve que já estava se acumulando por ali.




No entanto, logo fomos informados que nossa viagem teria um atraso imprevisível para a chegada a Milão. Motivo: a neve em todo o trajeto, especialmente na cidadezinha de Ronco, onde há um grande entroncamento ferroviário. Deixamos Gênova e as imagens foram explicando melhor a razão do atraso...




Vejam abaixo, que algumas árvores tëm neve sobre os galhos, mas as mais altas apresentam um tom acinzentado

como me chamou a atenção um senhor que me via fotografando a neve de dentro do trem. Essas, estavam cobertas de gelo mesmo. Com os galhos "envidraçados", ficam com uma cor acinzentada, formando um "bosque fantasmagórico" - fenômeno denominado como galavierna -   ou " galhos vestidos de gala no inverno", de acordo com o passageiro.


Na medida em que ìamos nos aproximando de Milão a neve ia ficando cada vez mais intensa. Pudemos ver os imensos campos onde se plantam o arroz arbóreo e o carneroli - e exportam  para o mundo todo - completamente cobertos pela neve.


Esta foi a melhor imagem que conseguimos de Milão, naquele dia...
Ali tomamos um TGV e em menos de duas horas estávamos na querida Firenze. Fazia frio, mas a neve, felizmente naquele dia, havia ficado para trás.

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