sábado, 22 de dezembro de 2012

Natal em Firenze

Além do Duomo, do Palácio Vecchio, da Galeria Ufizzi, da Ponto Vecchio e da Academia de David, Firenze tem uma energia diferente nesses dias que antecedem o Natal. Com a temperatura perto do grau zero, as ruas estáo sempre lotadas de gente, inclusive turistas, num vai vem gostoso de se ver e de acompanhar. Como ja conhecíamos parte das principais atrações da cidade, decidimos curtir Firenze, caminhando e  "degustando" o seu clima especial às vésperas do Natal.

A bela árvore em frente a Catedral e o Duomo, ícones de Firenze, de dia


E a noite, de outro angulo


Lanterninhas da decoração de rua

E a parede toda iluminada da loja na antiga praça


O charme dessa fachada com bolas e luzinhas, a exemplo de tantas outras. 


Aqui, uma loja de decoração muito fina, montou uma árvore somente de bichos de pano com estampas Romero Brito (havia uma seção imensa na loja em Firenze, assim como em outras cidades da Europa, somente com objetos de louça dessas estampas). Só pra se ter uma idéia do sucesso do brasileiro na Europa, em Firenze, essas "pelucias" eram vendidas por  preços entre 35 e 90 Euros 


A originalidade do enfeite das fachadas em galho e flores secas


Aqui, a singela e bonita árvore montada no páteo do Palacio Vecchio

Na entrada do Palácio, o contraste entre o verde e os tijolos da antiga da parede

Outra vista no páteo do Palacio Vecchio

Que tal uma árvore somente de biscoitos crocantes?

Um charme essas arvorezinhas coladas às paredes que ficam iluminadas a noite.

Nos presépios....

...à espera do nascimento de Jesus, na praça em frente o Duomo...

...e na Basílica da Santa Croce
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Firenze: em estado de graça.

Firenze é de lavar a alma. O perfil dos seus prédios no horizonte, com suas torres longas ou arredondadas, têm um quê de melancolia - e misericórdia - que nos transporta a um universo único.

Chegamos desta vez a Firenze - reta final de nossa viagem antes de Alemanha, onde passaremos o Natal - sem as grandes pretensões de outras vezes quando estivemos ali, ansiosos por percorrer as belas cidades da regiáo, a Toscana. Desta vez não. Queríamos ficar só em Firenze, num ritmo mais lento e tranquilo. Mas tínhamos pelo menos uma meta clara: visitar a Academia, e conhecer a escultura original de David, a obra prima de Michelângelo. Instalados, assim que nos sentimos descansados, fomos à Academia e nos encantamos com a escultura de Michelângelo, de uma beleza plástica e sensorial indescritíveis. O ar de "inocência inteligente" no semblante de David após ter matado Golias, sem qualquer traço de vaidade, impressiona quem se aproxima da escultura há séculos - seja estudiosos ou pessoas comuns como nós.  E, o mais interessante, é saber que David foi esculpido num bloco dado a Michelângelo por acaso, "para ser feito alguma coisa", após ter ficado sem aproveitamento por mais de ano perto da Catedral de Firenze. 


Além de David, pudemos visitar, na Academia - o que foi uma surpresa para mim - salas e salas com exemplares belíssimos da arte bizantina, que tenho uma admiração especial. Giotto, seus seguidores e contemporâneos, interpretavam de maneira belíssima, nos séculos XII e XIII , várias passagens do Evangelho. A Anunciação do Anjo à Virgem e a Madonna com Jesus ao colo, parecem ser os temas prediletos desses mestres, nas pinturas com seu dourado característico, com molduras em formato de igreja. Belas, atraem o olhar admirado que se prende em cada uma delas, em tantas, de diversos tamanhos -  com tanto encantamento, que a visita se torna um quase ritual religioso, de admiração e respeito.
Num outro momento em Firenze, visitamos, a Basilica de Santa Croce, onde ainda não tínhamos ido e que nos pareceu uma das mais belas da cidade, monumental, toda em mármore branco e verde, semelhante à Catedral e o Duomo, na arquitetura típica floretina.  É uma das mais antigas da ordem Franciscana na Itália. E ali se guarda, como relíquia, uma parte de túnica usada por São Francisco de Assis - que emociona ao se olhar.

A Basílica franciscana de Santa Croce, em cujos anexos funcionam
 escola de música e de escola de gravação em couro. 
Pintura bizantina que compõe o altar da Basílica da Santa Croce (cujo altar passa por restauração),  juntamente com um crucifixo de Giotto

 Nas laterais da nave principal da "Santa Croce" há várias telas e esculturas de mestres da arte clássica. Mas o que mais nos impressionou ali foi o túmulo de Michelângelo numa das laterais, ocupando toda a altura da parede. Executado por vários artistas florentinos, a obra inclui um busto em mármore de Michelângelo - que faleceu aos 89 anos em 1864 - e três belíssimas esculturas em mármore branco representando as três artes:  a Arquitetura, a Escultura e a Pintura, em estado de lamentação pela perda do seu grande mestre, um dos maiores gênios das artes de todos os tempos, Michelângelo Buonarotti.


Vários artistas foram reunidos para criar as diferentes partes do túmulo de Michelângelo.


Gostamos muito de visitar a Basílica de Santa Croce - onde está também sepultado Galileu Galilei - finalizada num belíssimo páteo que transpira paz em cada ângulo, com o delicioso perfume vindo dos cipestres no jardim, onde os pássaros faziam uma sonora algazarra.


Nos dias de sol e céu azul - na verdade só choveu na segunda-feira no período em que ficamos em Firenze, de sábado a quarta-feira - bom mesmo é percorrer suas "vias", pelos imensos blocos de pedras ali plantados há mais quase dois mil anos - a cidade foi fundada em 59 A.C.-  e chegou ao apogeu nos séculos XII e XIII.


Vias e ruelas* ladeando paredes onde nunca falta um detalhe artístico ou apenas harmonioso, seja na fachada, nas janelas, nas luminárias, nas ferragens...sempre muito trabalhadas, como numa busca incansável do belo.


A exemplo de outras vezes, optamos por ficar próximos da Igreja de Santa Maria Novela e da Estação ferroviária com o mesmo nome.( Dali podemos nos locomover de trem para outras cidadezinhas da Toscana - embora isso náo estivesse no programa agora). Entáo caminhamos por Firenze. Passamos pela praça de Santa Maria Novela e vamos em direção da Via Del Moro - onde ficamos no ano passado.

Dali logo ganhamos a ponte sobre o rio Arno. Atravessamos a ponte e, ladeando a outra margem, caminhamos até a Ponte Vecchio, que nos leva ao páteo da Galeria Ufizzi e Pálácio Vecchio - onde está a réplica de David desde que o original foi levado  à Academia no século passado.




Emblemática, a Ponte Vecchio sempre convida para uma foto

O Palacio Vecchio...


    ...com detalhes da fachada, incluindo a réplica de David.

 E vamos admirando a arquitetura. Paredes que acompanham o ritmo daquelas vias há séculos e séculos - do movimento e galope dos cavalos aos motores dos veículos modernos que compõe o dia a dia na cidade do primeiro mundo. Uma harmonia que o intenso comércio não conseguiu interferir.



Na elegante Firenze, há lojas de todos os gêneros de diversas partes do mundo, expondo o que há de mais novo no universo da moda e em outros setores. Mas no patrimönio histórico tombado pela Unesco, as lojas mais famosas têm que se adequar,
 sem publicidade nas fachadas.

Seguimos pelas ruelas com decoração de Natal e alcançamos o Duomo e a Catedral, onde sempre paramos para admirar a beleza da composição em mármore branco e verde. Dali descemos, pela Via Del Cazaioli até a Via Del Pansani, sentindo ora o perfume que vem de dentro das lojas, ora o aroma das castanhas assadas, ora o cheiro de café que vem de alguma pasticeria por perto. Aromas que, no frio a arder na pele do rosto, alimenta os sentidos e aquece a alma. Firenze é isso. Firenze da religiosidade e das artes, que ilumina nosso espírito e liberta nossa alma. Deixamos Firenze em estado de graça. 


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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Neve no caminho


Deixando Vintemiglia em direção a Milão, onde pegaríamos outro trem até Firenze, passamos por Gênova, na Riviera Italiana e, do trem, nos espantamos com a neve que já estava se acumulando por ali.




No entanto, logo fomos informados que nossa viagem teria um atraso imprevisível para a chegada a Milão. Motivo: a neve em todo o trajeto, especialmente na cidadezinha de Ronco, onde há um grande entroncamento ferroviário. Deixamos Gênova e as imagens foram explicando melhor a razão do atraso...




Vejam abaixo, que algumas árvores tëm neve sobre os galhos, mas as mais altas apresentam um tom acinzentado

como me chamou a atenção um senhor que me via fotografando a neve de dentro do trem. Essas, estavam cobertas de gelo mesmo. Com os galhos "envidraçados", ficam com uma cor acinzentada, formando um "bosque fantasmagórico" - fenômeno denominado como galavierna -   ou " galhos vestidos de gala no inverno", de acordo com o passageiro.


Na medida em que ìamos nos aproximando de Milão a neve ia ficando cada vez mais intensa. Pudemos ver os imensos campos onde se plantam o arroz arbóreo e o carneroli - e exportam  para o mundo todo - completamente cobertos pela neve.


Esta foi a melhor imagem que conseguimos de Milão, naquele dia...
Ali tomamos um TGV e em menos de duas horas estávamos na querida Firenze. Fazia frio, mas a neve, felizmente naquele dia, havia ficado para trás.

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Na Riviera Francesa

Nice é praticamente o centro da Riviera Francesa, a famosa Côte D'Azur. Uma bela cidade, grandiosa, destino preferido da gente rica da Europa e do mundo, que curte o verào em suas praias, de pedra, mas badaladas. Delicioso caminhar por suas ruas e avenidas, com suas decorações e arquitetura opulentas, inclusive no centro antigo, e deixar-se levar pelos cheiros e coloridos das barracas de artigos típicos, nas ruelas que parecem náo ter fim.

Os cassinos e os hotéis mais elegantes, ficam na orla... 

...onde o imenso calçadão é um convite ao passeio





O charme do colorido nos prédios do centro antigo...



 ...com suas ruelas bucólicas


Mas a praia...somente de pedras e pedras (bolotas na verdade) cinzas, em toda a extensáo.

E...(vejam a elegância!) um lounge em plena praia, com tapete e tudo! 

Espantoso, em toda aquela área, é ver as montanhas apinhadas de mansões e imaginar o tanto de pessoas que vivem nas colinas da costa francesa. Ali e em todas as cidadezinhas onde passamos ao sair de trem da cidade, as colinas sáo completamente tomadas - Cagne Sur la Mer, Mougins, Mônaco  - onde não conseguimos ir - e dezenas de outras ao redor de toda a costa.  

Chegamos a Nice num fim de tarde. No dia seguinte ainda conseguimos andar e conhecer um pouco a cidade. Mas antes que o dia terminasse - e sempre muito cedo, por volta das 5 da tarde já escurece por aqui - começou uma chuva que náo parou mais, até o momento de irmos embora. Mas mesmo assim deu pra perceber que Nice é uma cidade muito gostosa, com pessoas gentis, que só falam o francês - inglês, muito pouco. (De novo, o que me salvou foram as aulas "expressas" onde minha querida amiga Denise Perez me deu noções básicas de como me virar na França).



(Olha só: em Nice encontramos à venda os pinheiros do tipo que vimos sendo cortados lá no comecinho da viagem, nas montanhas de Morvan, na Borgonha)

A decoração de Natal em Nice estava linda. Assim como em todas as cidades da Riviera francesa por onde passamos, como pudemos ver quando voltamos de ônibus da visita a Grasse, a capital do perfume. Ali se produz perfumes e as essências utililizadas na maioria das colonias e perfuns fabricandos na França. Grasse - uma cidade grande também - como fiquei sabendo, é a cidade onde Edith Piaf passou os últimos anos de vida e fica a cerca de 40 km de Nice. Fomos um dia lá, mas a chuva intermitente náo nos animou a conhecer muita coisa. (Devido a problemas com o trem, conseguimos chegar a Grasse só no meio da tarde). Vimos o museu de uma das fábricas, a Fragonard, e - claro - a sua loja na sequência da visita. Depois fomos ao Museu do Perfume, onde conhecemos principalmente tudo o que já se usou em frascos, flaconetes e caixas para se embalar perfumes ao longo da história, em todos os materiais possíveis, do vidro à prata, do alabastro à porcelana. Ali se conhece bastante sobre essências, olfato, etc. Visita que vale a pena, sobretudo se tiver chovendo como naquele dia. Mas a volta de Grasse foi meio atemorizante. Pegamos o ônibus, lotado de estudantes locais e já acostumados ao trajeto, no ponto mais alto da cidade. Dali o veículo foi descendo em caracol, numa velocidade considerável, pelas curvas ao redor da montanha, e parando vez ou outra para deixar ou apanhar pessoas.(Quando chegou lá embaixo, confesso que senti um alívio.)



Graciosa e muito bem denominada, a cidade de Grasse se caracteriza ...

...pelas ladeiras que parecem náo ter fim. Esse mesmo mau tempo nos manteve em Nice no dia seguinte, o que nos impediu de conhecer Mônaco e St Paul de Vence, tão bem recomendado pelas amigas Mara e Tânia.


Em Nice, o Papai Noel logo na entrada ja anuncia que a cidade
está bem preparada para o Natal...



...como a bela decoração que toma conta de todas as ruas centrais.





O espetáculo das luzes no centro antigo, bonito, mesmo sob a chuva...


alternando a cor das fachadas nos prédios







 Deixamos Nice em direção a Vintemiglia, já na Itália. A viagem de trem é belíssima: ora se viaja ao redor das montanhas, ora pela orla ao longo do Mar Mediterrâneo, ora em túneis - em boa quantidade.  De Vintemiglia seguimos para Gênova e depois para Miláo, numa viagem que nos deixou espantados pela quantidade de neve que ja existia ali.


Em Nice, pudemos experimentar vários pratos da culinária mediterrânea, sempre a base dos peixes locais, principalmente o salmáo. São comuns as sopas de peixe nos cardápios, a pissaladière (um tipo de pizza com massa mais densa); os crepes e os molhos a poivre vert, além dos croque monsieurs (lanche típico com páo de forma, queijo e presunto)




A salada Niçoise em sua terra de origem: alface, endívias, cebolas, rabanete, pepino,tomate  pimentáo vermelho e azeitonas. Tudo finalizado com boa porção de atum e filetes de aliche.



 Um Crepe Complete, típico na região: queijos, presunto, cogumelos e ovo. Vale por
uma refeição.

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